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Com Macron, Lula fala em 'avanços' para acordo Mercosul-UE

Com Macron, Lula fala em 'avanços' para acordo Mercosul-UE

Presidente francês reiterou ser contrário

(ANSA) - BRASÍLIA, 28 março 2024, 18:26

Redação ANSA

ANSACheck

Lula e Macron em coletiva © ANSA/EPA

(ANSA) - Ao lado de seu homólogo francês, Emmanuel Macron, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que ainda confia na assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia.

O líder brasileiro disse que houve alguns avanços "promissores" nas conversas entre os dois blocos.

Ele acrescentou que o Brasil não tem problemas com a França no que diz respeito ao acordo, e que o governo de Macron tem que negociar os termos do pacto com as autoridades da europeias.

Já Macron reiterou ser contrário à firma do acordo e defendeu um outro pacto, que contemple assuntos como às mudanças climáticas.

Aliança

"Guardo uma gratidão muito especial pelo Macron", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao recordar o acolhimento que recebeu do presidente francês durante sua visita a Paris em novembro de 2021, quando ainda não era candidato à presidência.

Esse gesto do líder de centro-direita "marcou profundamente minha vida", enfatizou o presidente de centro-esquerda no Palácio do Planalto. 

As lembranças de Lula sugerem que a afinidade entre os mandatários vai além das questões de Estado, possuindo também raízes pessoais.

O clima no Planalto hoje (28) foi marcado por uma calorosa recepção, indo além do protocolar. Macron foi recebido pela Orquestra Maré do Amanhã, composta por jovens músicos de um complexo de favelas cariocas que Lula tem visitado em várias ocasiões nos últimos anos, simbolizando uma experiência de cidadania diante da violência imposta pelos narcotraficantes e pelas milícias.

Os gestos de simpatia mútua entre Lula e Macron já haviam sido observados no primeiro encontro entre ambos em Belém, Pará, na terça-feira, rendendo várias fotografias e memes nas redes sociais.

Lula, que usava sua tradicional gravata verde e amarela, destacou que a "maratona" de três dias de Macron pelo Brasil (passando por Belém, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília) é um sinal do interesse mútuo em construir uma parceria estratégica especial.

Dentre as potências ocidentais, "nenhuma está mais próxima do Brasil do que a França", assegurou o petista. Lula e Macron compartilham fortes concordâncias no combate contra as mudanças climáticas e na luta contra os avanços da ultradireita, como demonstrado no encontro de hoje.

A ratificação do acordo em matéria de Defesa e sobre a futura construção de um submarino nuclear, assinado em 2008, revela o interesse em consolidar uma aliança de longo prazo com projeções geopolíticas. No entanto, nem todas as questões são coincidentes: os presidentes possuem pontos de vista diferentes em relação à guerra na Ucrânia e ao acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul.

Apesar disso, nem Lula nem Macron estão dispostos a focar a agenda bilateral apenas nessas questões mais espinhosas. Nos próximos meses, será visto se este "aprofundamento" da relação, como mencionado por Lula em Belém, se traduzirá em iniciativas concretas que permitam construir um eixo diplomático entre Brasília e Paris.

Venezuela

Lula afirmou que espera que, na Venezuela, todos os candidatos possam se inscrever nas eleições de julho.

Ele citou Corina Yoris, escolhida como substituta de María Corina Machado, que foi barrada do pleito e era a principal aposta da oposição.

Ele lembrou que, em 2018, não pôde ser candidato à presidência e escolheu Fernando Haddad, hoje seu ministro da Fazenda, como substituto na corrida presidencial. "Fiquei surpreso negativamente com a decisão de Maduro", disse, classificando-a como "grave".

Macron disse que "condena firmemente" a exclusão da candidata opositora Corina Yoris nas eleições presidenciais do 28 de julho na Venezuela.

O mandatário francês disse ter uma opinião similar à do presidente Lula no que diz respeito ao processo pre-eleitoral no país caribenho e afirmou que espera que haja uma solução antes dos comícios.

G20

Macron afirmou que um eventual convite do líder russo Vladimir Putin à cúpula do G20 no Rio tem de ser "consensual".

O governante francês acrescentou que confia no critério da diplomacia brasileira. Já o presidente Lula afirmou que tem participa em vários foros dos quais a Rússia faz parte, e que ele defende a diversidade e a convivência com aqueles que não são iguais.

Democracia

Macron lembrou que o Brasil foi alvo de "inimigos da democracia" no 8 de janeiro de 2023.

"Estamos honrados de estarmos hoje aqui, neste lugar, nesta Praça dos Três poderes, que foi praticamente destruída pelos inimigos da democracia", ressaltou.

"A maneira como Lula conseguiu reconstruir os equilíbrios da democracia e levar esse debate internacional significa muitíssimo para nós", acrescentou. Já o líder brasileiro disse que o mundo vive sob a sombra do extremismo e que é necessário fazer um debate sobre o tema.


   

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